Segundo o delegado os sorteios liderados pelo então presidente da comissão de arbitragem, José Renato, eram um verdadeiro teatro (Foto: Reprodução / TV Cabo Branco) |
Um dos pontos-chave da investigação são as denúncias de que os sorteios da arbitragem eram um mero teatro. De acordo com o delegado Lucas Sá, o ex-presidente da Comissão de Arbitragem de Futebol da Paraíba (Ceaf-PB), José Renato Soares, responsável pelo sorteio, imprimia duas atas: uma com os árbitros do esquema na coluna da direita e outra com os mesmos nomes na coluna da esquerda.
Antes de todas as rodadas do Campeonato Paraibano, a Ceaf-PB realizava um sorteio na sede da Federação Paraibana de Futebol (FPF). O sorteio era feito com um globo (parecido que os que são usados nos jogos de bingo), com duas bolas: uma com um número ímpar e outro par. Além do presidente da comissão de arbitragem, participavam também do sorteio membros da FPF e dirigentes de clubes.
- Existem algumas possibilidades para o sorteio. Uma delas é que a súmula do sorteio da arbitragem é feita de padrões diferentes e, independente do número sorteado, é escolhida a pessoa que eles querem. Eles preparam um documento com aqueles árbitros que eles querem na coluna par e também um outro documento com o mesmo nome na coluna ímpar. Então independente do número que sai, lá vai estar o árbitro do esquema - afirmou Lucas Sá.
Ainda segundo o delegado, as investigações dão conta também que José Renato Soares também orientava os outros membros da comissão de arbitragem a fraudar o sorteio. Lucas Sá lembrou que escutas telefônicas da Polícia Civil mostraram que o ex-presidente da Ceaf-PB chegou a brincar com os dirigentes de clubes sobre o resultado dos sorteios. Algumas das sessões chegaram a ser transmitidas ao vivo pelas redes sociais da FPF.
- Ele (José Renato Soares) garante que aquele árbitro seja sorteado. Ele inclusive brinca com alguns dirigentes de clubes sobre os resultados, porque ele já sabe qual vai ser o resultado. E ele passa instruções para os membros subalternos dele, aquelas pessoas que vão produzir os documentos, as súmulas... Ele passava instruções técnicas de como fazer para que fosse garantido o sorteio daquele determinado árbitro - falou Lucas Sá.
Outras formas de fraude
Conforme as testemunhas ouvidas pela investigação, existiam outras formas de fraudar o sorteio. No inquérito, são citados, além das impressão das duas atas, que o membro da Ceaf-PB, que chefiava o sorteio, simplesmente mentia sobre a numeração da bola que tinha saído, informando apenas se tinha saído a coluna par ou a coluna ímpar, dependendo de em qual coluna estava o árbitro do esquema.
Outra forma indicada pelos denunciantes da ação era a indicação de dois árbitros do esquema para o jogo - um na coluna par e outro na ímpar - para garantir que o clube tivesse algum dos árbitros pedidos. Mais outro modelo contado ao delegado seria um no qual as duas bolas inseridas no globo tinham a mesma numeração.
Redação com globo Esporte
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